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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A BELEZA DO CLÁSSICO

 
Escola Municipal de Dança em "Giselle"; talento e cenografia de extremo bom gosto
   Noite de encerramento do Festival de Dança de Londrina cativou o público com dois balés do repertório romântico de Adolphe Adam
   O Festival de Dança de Londrina encerrou lindamente sua mostra oficial no domingo com o segundo ato de “Giselle” e o grand pas de deux de “Corsario”, no Teatro Mãe de Deus. 
   “Giselle” foi apresentado pela Escola Municipal de Dança, coreografia popular dentro do repertório clássico, dirigida por Marciano Boletti, ganhou clima de sonho com efeitos especiais de iluminação e nuvens de fumaça ou “neblina”, aquela que separa os vivos dos mortos. “Giselle” é um balé romântico, criado em 1840 por Adolphe Adam. O amor entre uma camponesa que se apaixona por um nobre sem saber – e acaba se suicidando ao descobrir – é apropriado ao período. As cenas do noivo que visita o túmulo da amada e tem a visão de outras noivas que morreram antes do casamento, trazem à montagem um cenário fluído, etéreo, muito bem aproveitado no domingo.
   Quem acompanha a história da dança em Londrina – O Ballet da cidade completou 24 anos em agosto – sempre se emociona ao observar o grau de evolução atingido por seus bailarinos, gerações sucessivas que carregam a tradição de dançar bem na cidade, no Brasil e no mundo. Os profissionais de Londrina não ficam nada a dever às boas companhias nacionais. 
   Em “Giselle” a beleza e sincronicidade foram constantes. Em duplas ou com todos os bailarinos em cena o que se destacou foi o profissionalismo. A Escola de Dança ganhou o reforço de veteranos do Ballet de Londrina, caso de Renato Doi que interpretou Giselle com a candura esperada e a experiência necessária. Renata é nossa Ana Botafogo , com cerca de 40 anos e mãe de uma filha, tem uma agilidade de menina e uma técnica impressionante. O público a aplaudiu em cenas abertas. Matheus Nemoto também mostrou talento no papel de Albert, o nobre por quem Giselle se apaixona. Destaque também para a noiva-rainha Mirtha, interpretada com elegância por Giovana Aversani no ambiente fantasmagórico da floresta dos espíritos, onde se quebram as barreiras entre a vida e a morte. 
Yoshi Susuki em "Corsário": aplaudido em cena aberta

   O último espetáculo da noite – o grande pas de deux de “Corsário” – trouxe à cidade bailarinos de São Paulo Cia de Dança: Thamiris Prata e Yoshio Suzuki, dirigidos por Inês Bógea. Com sólida carreira, fez parte de sua formação em Nova York e é considerado uma referência do ballet clássico, sua presença no festival atraiu um grande público. Sua interpretação no “Corsário” – outro ballet de repertório de Adolphe Adam, baseado em poema de Lord Byron – foi vibrante e com técnica exímia. Com sua presença arrebatou o público e também foi várias vezes aplaudido em cena aberta. Thamiris Prata fez com ele um belo pas de deux, ela é do tipo sorridente, graciosa em seu virtuosismo, e compôs com Susuky um dos momentos mais bonitos desta edição do Festival de Dança que teve como tema Gaia – o planeta, a Terra, segundo a concepção grega – numa associação de corpo e vida.
   No dia 31 de outubro, o festival terá uma apresentação extra: um solo do multiartista francês Christian Rizzo. Trata-se de Londrina em conexão com o que há de melhor na arte do Brasil e do mundo. ( CÉLIA MUSILLI – Reportagem Local, página 5, caderno FOLHA 2, terça-feira, 11 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).     

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