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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

DESIGNER 3D TEM MERCADO CADA VEZ MAIS PROMISSOR

"Na graduação, ninguém mostra que o 3D é um mercado possível. Os cursos estão defasados, naõ acompanharam essa evolução", afirma o arquiteto Rodolfo Segura
   Como o leque de atuação é amplo e diversificado, demanda por profissional capacitado na área é grande: salário pode chegar a R$ 10 mil
   Designer é todo profissional que desenha ou projeta um produto, um logotipo, uma embalagem, uma roupa, uma joia, um cenário, um jogo. Logo, são inúmeras as possibilidades na área. Mais amplo ainda tem se tornado o mercado para os designer que se especializam em modelagem 3D, que além de atuarem nos segmentos tradicionais da profissão, também encontram espaço na medicina, na educação, na arquitetura e inúmeras outras áreas. 
   O design 3D é uma das maneiras de representar o produto que está sendo criado. Como esta representação é feita em três dimensões, ela aproxima muito o projeto à realidade. “Os softwares de modelagem 3D criam o objeto no espaço, tornando possível girá-lo e observá-lo por inteiro. Essa tecnologia já se especializou tanto que é possível imprimir esse objeto”, explica o professor do Departamento de Design da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Rodrigo Spinosa. 
   A impressora 3D alavanca ainda mais o mercado para o designer porque atraiu olhares de áreas até então totalmente desconexas do design, revolucionando, por exemplo, a produção de produtos ortopédicos. “O designer pode simular o posicionamento da prótese no local da amputação, antes do objeto existir. Isso vai dar mais conforto ao paciente porque a prótese fica mais adequada a ele. E o que antes demorava meses, vai ser produzido com um tempo muito menor”, detalha Spinosa. 
   Os cursos de graduação mais comuns para designer são nas áreas industrial e gráfica, nas há cursos mais específicos como Design de Joias, Moda, Animação e Expressão Gráfica. “A graduação inclui disciplinas de modelagem tridimensional e o aluno aprende sobre as ferramentas e as aplicações. Mas ele tem a possibilidade de depois se aprofundar em cursos de softwares específicos”, afirma o professor. Além do curso superior, o designer pode ter formação técnica. 
   Mas não pode parar por aí. O profissional que trabalha com modelagem 3D precisa estar em atualização permanente. “A tecnologia está em constante evolução e o trabalho com 3D acompanha isso. O tipo de dispositivo de saída muda muito: até pouco tempo, era a tela, agora temos a realidade aumentada e a realidade virtual, que estão abrindo novas possibilidades”, exemplifica Spinosa. 
   CAPACITAÇÃO 
   Quem tem interesse em trabalhar com projetos tridimensionais precisa ter domínio de algumas ferramentas. Dentre os programas mais populares de modelagem 3D, segundo a instrutora do Senac Londrina, Evelise Rosseto de Castro, estão o AutoCAD e o 3D Max. O AutoCAD, segundo ela, é o curso mais procurado na unidade porque atende bem o design em diversas áreas. “ O AutoCAD tem muitas ferramentas. Eu trabalho com ele desde 2005 e ainda não sei usar todas”, conta Evelise.
   O curso de 3D Max também é oferecido pelo Senac, mas para grupos fechados. “Nós temos professor capacitado, mas é um curso mais caro, difícil de formar turma. Pode ser feito, por exemplo, quando uma empresa fecha uma turma com funcionários”, complementa. Outro curso oferecido pelo Senac em Londrina é o Sketchup, um dos softwares mais fáceis de trabalhar o desenho tridimensional. “É tão simples que muita gente aprende a mexer só com os tutoriais encontrados na internet.”
   SALÁRIO 
   Como as áreas em que o designer pode atuar são muitas, a remuneração também é bastante variável. De acordo com o guia de profissões e salários da Catho, a média nacional para designers de diferentes áreas gira em torno de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil, mas o salário pode chegar próximo dos R$ 10 mil, dependendo da empresa e do cargo ocupado. 

   JOGOS DE APRENDIZAGEM GANHAM ESPAÇO 
   Uma das áreas mais promissoras para o designer especializado em modelagem 3D, segundo o professor Rodrigo Spinosa, é a de jogos e simulações de aprendizado. “Mesmo que o designer 3D faça outras coisas, é fundamental se capacitar nessa área. O entretenimento já está estabelecido, foi onde surgiu o 3D. Mas os jogos de aprendizado estão ganhando muito espaço”, alerta. Daí tem surgido os chamados serious games, que são jogos eletrônicos que têm como objetivo treinar pessoas – de vendedores a operários e médicos – através de um ambiente virtual que imita a realidade. “Um exemplo são os simuladores de direção utilizados por autoescolas para capacitar os motoristas”, lembra Spinosa. 
   O próprio Spinosa tem dedicado suas pesquisas a esse tipo de aplicação do 3D. “Meu doutorado é na área de educação física. Quero comparar se um homem virtual ensinando um salto para crianças tem a mesma eficiência de um professor real”, conta. (J,G,)

   CONSTRUÇÃO CIVIL É UM DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO 

   A construção civil é uma das áreas que mais se beneficiou com o surgimento do desenho 3D. Mas os profissionais de arquitetura e engenharia não são preparados para lidar com isso, o que faz com que as empresas desse segmento busquem designer para a tarefa. “Na graduação, ninguém mostra que o 3D é um mercado possível. Os cursos estão defasados, não acompanharam essa evolução”, afirma o arquiteto Rodolfo Segura, um dos donos da Kaaza, empresa especializada em 3D para o mercado mobiliário. 
   Segundo ele, a maior parte dos profissionais que fazem os projetos arquitetônicos tridimensionais não é arquiteto. “Muitos alunos de arquitetura tem buscado essa capacitação por fora da graduação. Mas a maioria dos profissionais ainda é designer”, conta. Segura afirma que cerca de 80% dos arquitetos já não trabalham com projetos 2D. “O cliente não quer mais desenho técnico. Ele quer ver o projeto em 3D para saber como vai ficar.”
   Como o número de empresas especializadas em computação gráfica para construção civil ainda é pequeno em Londrina – a Kaaza é uma de duas que existem hoje, segundo Segura – muitos arquitetos recorrem a profissionais autônomos. “É um mercado que cresce muito e tem bastante espaço para quem é capacitado”, afirma o arquiteto. 
   Quem quer se capacitar em projetos 3D para trabalhar no mercado imobiliário precisa conhecer os softwares mais populares utilizados no segmento. “O AutoCAD é universal, precisa conhecer. Mas, profissionalmente, o mais utilizado hoje é o 3D Max, que é do mesmo fabricante. Muitos arquitetos usam também o Sketchup, com resultados muito bons de imagem”, conta Segura. Outro programa essencial para esse tipo de atividade, segundo ele, é o V-Ray, o mais utilizado para renderizar o projeto. (J.G.) (JULIANA GONÇALVES – Especial para a FOLHA, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 19 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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