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terça-feira, 16 de agosto de 2016

VOZES BERBAIS


   Quando falamos sobre vozes verbais, estamos tratando da forma como o verbo se relaciona com seu sujeito. Mais especificamente, poderíamos dizer que a sua voz verbal depende da maneira como o sujeito se posiciona com relação à ação do verbo, se de uma forma ativa ou passiva. Aliás, a ideia de ação é fundamental, pois com verbos que não apresentam essa ideia (como os de ligação, por exemplo), não temos como analisar a voz verbal da oração.
   Antes de tratarmos dos tipos de vozes verbais, é importante citar dois conceitos fundamentais: o de agente e o de paciente. Agente é aquele elemento dentro da frase que pratica a ação representada pelo verbo, enquanto que paciente é quem recebe os efeitos dessa ação. Por exemplo, na frase “o menino leu o livro”, podemos dizer que o menino é o agente, pois pratica a ação de ler, e o livro é o paciente, pois é lido, recebendo os efeitos do verbo ler. 
   Sabendo isso, podemos passar aos três tipos de vozes verbais de nossa língua:
   1 – Voz ativa é quando o sujeito da frase também é o agente, ou seja, representa quem pratica a ação. Por exemplo: “O aluno fez a redação”. Nesse caso, o sujeito da oração (o aluno) está praticando a ação de fazer a redação. Sujeito agente e voz ativa. 
   2 – Voz passiva é quando o sujeito não está praticando a ação, mas sim recebendo seus efeitos, ou seja, á paciente. Na frase “A redação foi feita pelo aluno”, o sujeito é “a redação”, que não pratica ação nenhuma. O agente, nesse caso, é “o aluno”, aqui classificado como agente da passiva. Sujeito paciente e voz passiva.
   É importante notar que, no português, existem dois tipos de voz passiva: a analítica, formada por um verbo auxiliar (ser ou estar) e pelo particípio do verbo principal (“A matéria é estudada pelos alunos”) e a sintética, em que o verbo é conjugado na terceira pessoa e acompanhada pelo pronome “se” (“Estudou-se a matéria”). 
   3 – Voz reflexiva: consiste em uma espécie de mistura das vozes ativa e passiva, já que aqui o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, ou seja, ele pratica e também recebe os efeitos da ação. Isso fica claro, por exemplo, na frase “A garota se olhou no espelho”, em que é fácil notar que o sujeito (a garota) está praticando a ação de olhar e também está sendo olhada. Sujeito agente e paciente e voz reflexiva. 
   Existe ainda um tipo especial de voz reflexiva, voz reflexiva recíproca, que acontece quando os elementos constituintes do sujeito composto realizam a ação um para o outro, reciprocamente. Por exemplo: “O professor e o aluno se cumprimentaram” (note como os dois cumprimentam e são cumprimentados ao mesmo tempo, ou seja, são agente e paciente. 
   A correta classificação da voz de um verbo em uma oração é assunto recorrente em vestibulares e concursos, assim como a transformação de voz ativa em passiva e vice-versa, o que é um procedimento bastante simples, como você deve ter percebido pelos exemplos dados aqui: “O aluno fez a redação” – “A redação foi feita pelo aluno”.
A esse respeito, só uma observação: a voz passiva, para existir, depende de um verbo transitivo direto. Se o verbo da oração for intransitivo (“O professor saiu”) ou transitivo indireto (“Nós gostamos de chocolate”), temos voz ativa, mas é impossível transformar em passiva. 
   Tem mais alguma dúvida sobre o assunto? Mande um e-mail!
Até a próxima terça. (FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL. Encaminha as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 2, coluna BEM DITO, caderno FOLHA 2, terça-feira, 16 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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