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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

POR UMA QUEBRA DE PARADIGMA


   O bem-estar de uma nação depende de sua economia sadia, dinâmica, eficaz, produtiva e inovadora. São estes os predicados que encaminham a geração contínua de bons empregos e a multiplicação da renda em todas as classes.
   Um ambiente assim propicia mais tributos que sustentam a máquina pública, incluindo programas oficiais de amparo social, os serviços públicos de maneira geral, as estruturas burocráticas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. 
   Por outro lado, uma economia estagnada gera o efeito inverso. A “paradeira” compromete a criação de novos postos de trabalho, encolhe a renda e derruba a arrecadação de impostos 
   Não adianta apenas ter vontade política para vencermos esta estagnação. São necessários a constituição de uma sólida poupança interna, o equilíbrio das contas em todas as esferas de governo, além de regras claras e rigorosamente cumpridas nas relações sociais. São mandamentos que exigem um enorme esforço para serem entendidos e colocados em prática, cujo prêmio é a conquista da credibilidade, pressuposto para a ascensão no tabuleiro geopolítico global.
   O economista austríaco Ludwig von Mises, em sua obra “As seis lições”, demonstrava com simplicidade como são ilusórias todas as tentativas da civilização humana em contrariar esta lógica. 
   No livro, inspirado em uma série de palestras que ele fez em Buenos Aires, em 1959, Mises disseca as falhas do socialismo e do assistencialismo, ressaltando os benefícios que consumidores e trabalhadores obtém quando são livres para empreender, para traçar seus destinos para realizar seus desejos. 
   Quase seis décadas depois, suas ideias ainda são potentes lâmpadas que revelam todos os erros estratégicos que nós, brasileiros, insistimos em cometer desde a redemocratização. São pendências que nos impedem de subir de patamar, que limita nossa trajetória histórica recente a decepcionantes “voos de galinha”. 
   A melhor profilaxia contra a corrupção e a tributação excessiva é a redução do tamanho do Estado para um formato nunca maior que o suficiente, que transforme a autoridade pública tão-somente bum criterioso árbitro num zelador da correlação de forças que movem a sociedade. 
   O estado paquidérmico que controla metade do nosso Produto Interno (PIB) é um sintoma que a democracia brasileira ainda não aceitou os ensinamentos certeiros do austríaco Mises; preferimos a ilusão de um poder público tutor, onipresente, perdulário e inconsequente. 
   Ocorre, porém, que já fracassamos tantas vezes a partir desta mesma ideia que já se prevê a quebra do paradigma. Os sinais deste inconformismo latente já foram observados nas ruas em centenas de milhares de vozes e se avolumam nos meios de expressão dos brasileiros mais jovens. 
   São iniciativas embrionárias, que tendem a prevalecer em breve, quando, calejados, nos recusarmos a viver ese mundo de fantasia, onde somos reféns do anacronismo, dos privilégios e da ineficiência. 
   São estes pecados de sempre que alimentam o deficit público. Simplesmente fingimos que ele não existe quando reajustamos os salários dos servidores muito acima do recomendado ou quando criamos qualquer outra despesa para o erário sem uma previsão da receita correspondente. 
   Também tenho a impressão que continuamos negando o deficit público como o pai legítimo da inflação, da carga tributária elevada e das taxas de juros incapacitantes. Gastar além do que se arrecada, invariavelmente, é a fórmula ideal para a burocracia excessiva e uma população empobrecida. 
   Talvez, o colapso que nos ronda estará desarmado temporariamente em alguns meses por circunstancias pontuais. 
   Mas o ciclo que condenou o Brasil ao atraso sofrerá se prosseguirmos fazendo ouvidos de mercador aos conselhos de Mises e aos brados de milhões de brasileiros que exigem menos intervenção estatal e menos impostos.
   Precisamos inaugurar com urgência uma nova democracia econômica, na qual o mercado seja a locomotiva da realização dos sonhos de empresários e trabalhadores, enquanto o Estado se dedica à mediação e às costuras do entendimento. (CLAUDIO TEDESCHI, presidente da Associação Comercial de Londrina, coluna ESPAÇO ABERTO, página 2, quinta-feira, 18 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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