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sábado, 13 de agosto de 2016

CONCEITOS INERENTES À COMPREENSÃO DA NATUREZA HUMANA


   Do ponto de vista da Psicologia, a identidade pessoal é composta por identidade sexual, orientação sexual, identidade de gênero e identidade social. Assim, uma pessoa se dá conta de quem é a partir de todos estes elementos e precisa estar ciente e em paz com cada um deles para ser verdadeira e feliz. 
   Crianças, por volta de três anos, comumente, já se reconhecem como menino ou menina. É uma identificação em nível psíquico, mental: é a identidade sexual que, na grande maioria das vezes, é coerente com o corpo biológico. Entretanto, sem sempre é assim, pois pode nascer um menino com órgão sexual masculino, mas que se reconhece como menina. O mesmo pode ser dar com a menina; trata-se de pessoas transexuais. Desde pequenos, rejeitam seu órgão sexual e desejam modificá-los. Nos documentos internacionais de diagnósticos, como a CID e a DSM, a transexualidade é uma patologia. Contudo, alguns pesquisadores e pessoas trans defendem sua não patologização , considerando-a, tão-somente, um conflito identitário. Independentemente de a pessoa ter feito ou não cirurgia, ela é considerada transexual se sua identidade sexual não é coerente com seu corpo biológico. Há casos em que essas pessoas não desejam ser operadas, mas lutam, também, pelo direito à documentação que as identifique de acordo com o sexo com o qual se reconhecem. Há pessoas que se denominam não binárias, por não se reconhecerem nem como homem, nem como mulher. Seria uma terceira identidade sexual. Sei que isso é difícil para ser compreendido e admitido pela grande maioria. 
   A orientação sexual indica por quem a pessoa se apaixona e/ ou se sente atraída sexualmente e envolve a heterossexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade e a assexualidade. Esta última refere-se às pessoas que não sentem desejo de ter relação sexual. A orientação sexual vai se definindo aos poucos. Comumente, por volta dos 8, 9 ou 10 anos, a criança homossexual se percebe diferente das demais de sua idade; entre 10 e 17 anos, aproximadamente, ela vai tendo clareza de sua orientação. Não é opção, nem doença. Rapaz gay não quer ser mulher, sua identidade sexual é de homem. Um homem ou mulher trans pode ser homo, hetero ou bissexual. 
   Para entender o conceito de identidade de gênero, é necessário saber que gênero diz respeito ao modo de ser homem ou de ser mulher, de comportar-se e de vestir-se de acordo com as regras que cada cultura vai determinando. Gênero tem a ver com a masculinidade e a feminilidade, e a identidade de gênero é identificar-se com uma ou com outra. Por exemplo, há pessoas do sexo masculino, cuja identidade sexual é de homem (ou de homem e de mulher , ao mesmo tempo), mas que se identificam com a feminilidade, ou seja, sentem necessidade de vestir-se e comportar-se como mulher. Contudo, não rejeitam seu órgão sexual. Às vezes, usam silicone e ingerem hormônios. São as travestis. Transgênero: termo adotado para abranger transexuais e travestis. Não se deve universalizar as características de ambos, mas o faço para efeito didático. Pessoas CIS – cissexual ou cisgênero – têm identidade sexual e identidade de gênero coerentes com seu corpo físico, o que diz respeito à maioria. 
   A compreensão desses conceitos é fundamental para subsidiar pais e mães no entendimento da diversidade sexual, a fim de que tenham a mente e o coração abertos para compreender e acolher filhos que fogem aos padrões predominantes. Temos vistos famílias inteiras adoentadas devido à falta de conhecimento e ao preconceito cultural, e filhos ou filhas homossexuais, travestis ou transexuais desintegrando-se da família, por causa do não acolhimento. Aceitar-se e assumir-se é importante para ser feliz, relacionar-se bem com os outros e ter saúde física e mental. Finalmente, identidade social, é o conjunto das demais características que nos definem. Ex: fulano é esposo, pai, pintor, patrão, avô, etc. (MARY NEIDE DAMIO FIGUEIRÓ, psicóloga e doutora em Educação em Cambé, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sábado, 13 de agosto de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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