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sexta-feira, 8 de julho de 2016

TÁBUA DE SALVAÇÃO


   Entre lágrimas e voz embargada, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou, ontem, em coletiva de imprensa, que renunciava à presidência da Câmara. Se o sofrimento do político que tanto polemizou nestes últimos meses foi sincero, não é o fato mais importante. O que se deve levar em consideração é a manobra adotada pelo peemedebista e seus aliados para tentar evitar a sua cassação por quebra de decoro. A renúncia já começou a surtir efeitos porque conseguiu jogar a votação de sua cassação para depois do recesso parlamentar, que começa oficialmente em 18 de julho e segue até agosto, O processo contra o peemedebista até começa a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCI), mas a votação em plenário ficará mesmo para depois do intervalo parlamentar. A expectativa de Cunha é esfriar os ânimos, ao mesmo tempo em que ele tenta eleger um aliado como seu sucessor na vaga de presidente da Câmara. A Casa tem cinco sessões para realizar novas eleições para o cargo e Cunha quer ter um aliado comandando a sessão em que será votada a sua cassação. Como se viu na abertura do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o presidente da Câmara pode influir decisivamente na condução da sessão. Para que Cunha perca o mandato, é preciso o voto de pelo menos 252 dos 513 deputados. A renúncia também significa mudanças na condução do processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Cunha e que trata do seu suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Agora, o político será julgado pela segunda turma do Supremo e não mais pelo plenário do Tribunal. Assim, o julgamento perde a visibilidade de uma transmissão ao vivo pela televisão. Ou seja, o que pode parecer uma derrota, no fim é mais uma estratégia para salvar o mandato. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 8 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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