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quarta-feira, 27 de julho de 2016

A FÉ É LIBERTÁRIA, QUEM TEME HOMOSSEXUAL TEM PROBLEMA


   À frente de talk show em que ouve personalidades sobre a vida, o ator fala sobre selfies, homofobia, Deus e série de TV

   O olhar atento de Tony Ramos recai sobre seus entrevistados como o facho de luz que recorta sua silhueta no cenário de “ A Arte do Encontro “, programa que estreia nesta quarta ( 27 ) no Canal Brasil. 
   Em 13 episódios, o anfitrião dispensa roteiros e conduz consideração diversas de seus entrevistados sobre a existência. Conversa sobre tecnologia, religião e tolerância com Antonio Fagundes, José de Abreu, Zeca Pagodinho, Nathalia Timberg, Bárbara Paz, entre outros. 
   À Folha, por telefone, Tony Ramos, 67, começou falando sobre a estreia como entrevistador de um programa semanal ( é a primeira vez neste papel em seus 52 anos de sua carreira ) e terminou filosofando sobre a existência de Deus.

Autorretrato moderno 

   Não quero saber da vida de ninguém. Não tenho Facebook, não tenho Twitter, não tenho Instagram. Dia desses me perguntaram do Snap-chat, e eu respondi: O quê? Se você encontrar algum Tony Ramos no Facebook , pode saber que é fake. Você vai ficando escravo de uma, entre aspas, modernidade – é preciso se servir da modernidade, não servir a ela. 
   Fui tirar a segunda via da minha carteira de identidade no Poupatempo da Lapa [no Rio]. Puxei a senha, fiquei na fila, dei autógrafo, tirei fotografia – o autorretrato, que preferem chamar de selfie. O tal de selfie é uma falta de personalidade brasileira. Fala autorretrato, é lindo. Nossa língua é tão bonita. 

Boataria

” Saiu no Facebook, em algum lugar, que a Friboi é do filho do Lula “. Falei: “ ô louco, não estou sabendo, não “. Quando fiz a pesquisa, antes de topar propaganda, vi que é uma empresa sólida, com ações na bolsa. 
   Mas começou a se falar [sobre o frigorífico pertencer ao filho do Lula], como se fala de tudo. Se você não dá certo hoje na vida, é porque é culpa da Dilma, não é isso que fazem? Vira piada. Mas vi que não era, os documentos provam. 

Imagem

   É muito difícil eu fazer propaganda. Fiz [a campanha da Friboi]  porque eu como carne. Tem gente que anuncia remédio, não tem?
   Eu não anuncio, remédio quem recomenda é o médico. A mesma coisa bebida alcoólica – bebo, mas não anuncio. Muita criança me assiste, não quero que me vejam anunciando álcool como se aquilo fosse um copo de água. 
   A Friboi tem, sim, o interesse de fazer novas campanhas, mas por enquanto não temos nada não. 

Tolerância

   Liberdade é produzir em dramaturgia o que você imagina que seja o diferente. Mas você também não pode produzir fazer dramaturgia às 22h e e colocar alguém nu, fazendo sexo explícito. A cena [de sexo entre dois homens] de “Liberdade, Liberdade” [no ar na Globo] foi maravilhosa, de uma sensibilidade absoluta. 
   Tem que discutir esse assunto, ué. Vai botar para debaixo do tapete, o que é isso?
   Quem tem medo de homossexualidade tem problema. Quem é cristão e se diz temente a Deus não pode ser preconceituoso. Quem acredita Nele é libertário, compreensível com todo tipo de manifestação. 

Televisão

   Assisto a tudo [aos serviços] Net Now, Netflix. E nem tudo é bom, não. Não vou dizer o quê – posso dizer o que curti. Adora ver “Ray Donovan” no HBO. É maravilhoso. Fala sobre a decrepitude da sociedade moderna, em que os valores são violentados. 
   “Breaking Bad” é novela cara. Primeiro, segundo capítulo. Será que o Walter White vai se curar? É novela. Dramaturgia. Tem gente que quer ver todos os episódios de uma vez, e passa dez horas assistindo... Tá louco, não quero isso. É preciso saborear, conversar. Refletir. * NA TV – A ARTE DO ENCONTRO. Quando- às 21h30, no Canal Brasil. (GABRIELA SÁ PESSOA – DE SÃO PAULO, FLS. C4, caderno ILUSTRADA, quarta-feira, 27 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE SÃO Paulo).

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