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sexta-feira, 17 de junho de 2016

MANOBRA CONTRA A LAVA JATO


   Novos trechos da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado chegaram a público ontem envolvendo partidos políticos em uma grande manobra para tentar comprometer o trabalho da Operação Lava Jato. Sobrou para meio mundo político e a língua afiada do ex-presidente da estatal continua provocado baixas no ministério do presidente interino Michel Temer PMDB). Dessa vez, quem caiu foi o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que pediu demissão do cargo após ver seu nome citado como recebedor de R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Com bom trânsito entre caciques do PMDB e PSDB, o acordo de delação premiada de Machado tira o sono de muita gente. As supostas estratégias para barrar a Lava Jato são mostradas em diálogos gravados pelo delator, sem que seus interlocutores soubessem que estavam sendo “grampeados”. Conversas com os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros e o ex-senador José Sarney, todos do PMDB, foram gravadas. Machado contou aos procuradores da Lava Jato que havia uma movimentação para estancar as investigações da operação por meio de ações públicas e também com medidas legislativas, como a apresentação no Congresso de projetos de lei que proíbam a colaboração premiada do réu preso, a execução provisória de sentença penal condenatória e modifiquem a legislação dos acordos de leniência. O delator já foi líder do PSDB no Senado, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Depois, filiado ao PMDB, conseguiu o cargo de presidente da Transpetro por 11 anos. Outra revelação polêmica do delator: quase 80% das propinas que ele pagou a políticos foram “legalizadas” por meio de doação eleitoral. Mais uma prova de que o poder econômico compromete a normalidade do processo eleitoral quando toma posse dos mandatos dos políticos. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 17 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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