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quinta-feira, 16 de junho de 2016

LIMITAÇÃO HUMANA DA ARBITRAGEM E A TECNOLOGIA NO FUTEBOL


   Não devemos comparar coisas que são incomparáveis. O erro cometido pela arbitragem no jogo Brasil e Equador jamais poderá ser comparado com o que aconteceu no jogo Brasil e Peru. No primeiro caso, mesmo a televisão teve que usar uma lente de aproximação para identificar que a bola não havia saído no cruzamento do jogador equatoriano. O árbitro errou ao apontar que a bola havia saído e invalidou o gol do Equador. Caso similar ocorreu na Copa do Mundo na África do Sul de 2010, quando o Frank Lampard fez o gol da Inglaterra contra a Alemanha e, apesar da bola ter batido no travessão e ter entrado a poucos milímetros da linha do gol e ter saído depois, o juiz invalidou o gol. A Fifa, após esse lance autorizou a utilização da tecnologia denominada goal-line. 
   Em ambas situações acima, o olho humano jamais poderia identificar o local exato da bola e a arbitragem errou, pois a decisão foi baseada numa suposição ou conjectura. No entanto, tais decisões da arbitragem se justificam, pois fogem do que o ser humano é capaz de detectar – e daí a necessidade da tecnologia.
    Por outro lado, a Fifa prega no futebol o fair paly que significa o jogo honesto, bem jogado, o jogo justo, sem malandragem ou qualquer tipo de fraude, farsa ou dolo. 
   E o fair play, ou ausência deste, inclui simulações de falta ou de pênalti ou qualquer outro ardil de atletas para confundir ou
ludibriar a arbitragem, e foi isso que o atleta peruano fez. 
   E é aí que reside a imensa diferença entre os dois jogos do Brasil e as situações distintas, acima mencionadas. O gol da euipe peruana foi uma fraude, como que uma raquetada com o braço do atleta, que havia passado da bola. Foi um gol de braço deliberado e doloso – com intenção -, pois o atleta abriu o braço direito para colocar a bola para dentro do gol e, no caso, o árbitro não viu porque estava encoberto por outros jogadores e validou o gol peruano. 
   A decisão equivocada da arbitragem custou a eliminação do Brasil, e aqui o objeto deste artigo não é discutir os infindáveis problemas e soluções para a seleção brasileira dentro e fora do campo. 
   O gol de mão Maradona o qual este denominou de “mano de Dios” contra a Inglaterra na Copa de 1986foi outro episódio lamentável da falta de fair play.
   Esse é o mais reprovável comportamento que qualquer atleta pode ter – a falta de fair play. Em uma analogia, seria o equivalente ao atleta que se dopa para uma prova de natação ou atletismo. 
   Será que ganhar sem ética, pela fraude, justifica a vitória? Será que ganhar, custe o que custar, justifica o que aconteceu no jogo do Brasil contra o Peru, ou da Inglaterra contra a Argentina lá em 1986, dentre tantos outros casos de falta de fair play?
   Em vários casos de doping as medalhas/ conquistas são cassadas ou anuladas? No futebol, no entanto, fica tudo por isso mesmo. 
   Abre-se a oportunidade urgente para que o novo comando da Fifa através de seu novo presidente Gianni Infantino, adote a tecnologia no futebol, tanto para a limitação humana da arbitragem como para casos de ausência de fair play, com a utilização do vídeo pela arbitragem para lances polêmicos, tal como ocorre no vôlei, no tênis e no basquetebol.
   Ganhar, perder, jogar bem , jogar mal são inerentes ao futebol. Mesmo os erros da arbitragem são comuns e são parte também do futebol, afinal há uma limitação humana. 
   Mas ganhar por ganhar, através do dolo, da malandragem, da fraude, isso é inaceitável e uma mudança através da adoção da tecnologia , a essa altura, faria muito bem ao esporte aos seus apaixonados seguidores. (FÁBIO CHAGAS THEOPHILO, advogado em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, quinta-feira. 16 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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