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terça-feira, 28 de junho de 2016

G OU J ?


   Esta semana vamos continuar tratando de algumas questões de ortografia que, frequentemente, deixam os brasileiros em dúvida. Hoje abordaremos o som que pode ser representado pelas letra G ou J, que causa problemas só quando está antes das vogais E o I, já que é só aí que o som das duas consoantes coincide.
   Em primeiro lugar vamos recordar aquela “regra de ouro” que já mencionamos mais de uma vez: palavras da mesma “família” tendem a manter a mesma grafia . Sendo assim, “laranjeira” só pode ser escrita com J, pois vem de “laranja!, também com J. Entretanto, no caso específico de que tratamos hoje, há uma exceção notável a essa regra: o substantivo “viagem”, que é escrito com G, enquanto que “viajem”, do verbo “viajar” é com J (assim como todas as outras formas do verbo).
   Dito isso, vamos a algumas regrinhas básicas para o uso de G:

   1- Usamos essa letra em substantivo terminados em “agem”, “igem” ou “ugem”, como “barragem”, “ferrugem”, “origem”, etc. As duas únicas exceções são “pajem” e “lambujem”.

   2- Nas palavras terminadas em “ágio”, “égio”, “ígio” e “ógio”, como “estágio”, “privilégio”, “prestígio”, “relógio” e “refúgio”. 
Algumas palavras escritas com G que costumam deixar os brasileiros em dúvida: GENGIBRE, BEGE, BIGIGANGA, TIGELA, VAGEM, ALGEMA, COGITAR, GENGIVA, AUGE, DRÁGEA, GESTO, TANGERINA, etc.
Já com relação ao J, algumas regras que podem nos ajudar:

   1 – Em todas as formas dos verbos terminados em “jar!, como “despejar” (despejei, despejem, “arranjar” (arranje, arranjemos), “enferrujar” (enferruje, enferrujem), “viajar” (viajei, viajemos), etc. O mesmo vale para verbos terminados em “jear”, como “gorjear” (gorjeie, gorjeiam). No caso de “viajar” e “enferrujar”, lembre-se: todas as formas verbais são com I, mas os substantivos (viagem e ferrugem) são com G.

   2 - Usamos I em palavras de origem indígena (“biju”, “jiboia”, ”jerimum”) ou africana (“canjica”, “acarajé”, “jiló”). Nesse ponto, merece uma menção especial o nome “Moji”, que, sendo de origem tupi, deveria ser escrito com J. Entretanto, há algumas cidades que adotam a grafia com G, como Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu e Mogi Mirim. É bom lembrar que, nesse caso, trata-se de nome próprio, o que faz com que haja uma maior liberdade com relação às regras ortográficas. Acontece algo parecido com “Bahia”, que manteve o H em sua grafia, mesmo quando a letra desapareceu do substantivo comum, “baía”. Em tempo: no Estado de Minas Gerais há um município chamado Tocos de Moji, com I. 
Palavras com J que às vezes causam problemas: BERINJELA, JILÓ, MAJESTADE, JEJUM, JEITO, TRAJE, CAFAJESTE, LAJE, ULTRAJE, etc. 
   Não custa lembrar que há inúmeras palavras que não se enquadram nas regras descritas acima. Sendo assim, sempre busque, em um dicionário ou no VOLP, qual a forma correta de escrever o que você quer. 
   Para terminar, só um comentário: muitas vezes já ouvi que o português é uma língua complicada, talvez uma das mais complicadas do mundo. Tremenda injustiça! Todo idioma tem suas peculiaridades ( e suas “complicações”). Quando o assunto é ortografia, por exemplo, a língua inglesa apresenta muito mais dificuldades que a nossa, pois há menos regras para ajudar.
   Até a próxima terá! (FLAVIANO LOPES – Professor de Português e Inglês. Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, espaço BEM DITO, terça-feira. 28 de junho de 2016. Publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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