DOCES SONHOS

                Helena Rabelo: "A coisa tomou uma proporção que eu não esperava. Construí um castelo (aqui em Londrina), pedrinha por pedrinha. 

   Formada em Psicologia, sergipana faz sucesso em Londrina com bolos e doces funcionais

   Dizem que as melhores oportunidades aparecem quando menos se imagina. Pelo menos para a psicóloga Helena Rabelo – ou Heleninha, como é conhecida – a afirmativa é verdadeira. Foi durante um período “ocioso” que ela acabou descobrindo sua verdadeira paixão: a culinária. Nascida em Aracuju (Sergipe), vir para Londrina há quatro anos foi algo completamente inesperado, mas que se revelou ao longo do tempo uma decisão acertada. Hoje ela faz sucesso com seus bolos, cookies e pães de mel funcionais.

   “Meu marido passou em um concurso público federal aqui no Paraná e eu tinha passado em um concurso lá. Resolvi abrir mão do meu sonho para vivermos o sonho dele. Havia uma lista com nove cidades e quem escolheu Londrina fui eu. Não conhecia a cidade, não conhecida ninguém aqui e nem alguém que já tivesse vindo para cá, mas foi incrível porque me apaixonei por Londrina e ela me abraçou”, faz questão de repetir.

   Com um filho de 3 anos e sem conhecer ninguém na cidade, Helena resolveu deixar a carreira de lado para se dedicar à maternidade. Dois anos depois, cansada da rotina, comenta que começou a pensar no que poderia fazer em casa e foram as mães dos coleguinhas de escola do filho que deram a dica. “Eu fazia bolos e elas começaram a pedir para eu cobrar. Nessa época eu ainda fazia os bolos tradicionais. Até que uma amiga cuja filha precisava comer coisas saudáveis me pediu para fazer algo que ela pudesse levar para a escola. Comecei a adaptar as receitas, foram diversos testes, bolos jogados fora, até chegar na receita que eu queria”, explica. 

   Depois do primeiro bolo de cenoura funcional ela decidiu que iria investir nesse filão de mercado. Vieram então os bolos de fubá, chocolate, banana, laranja. Depois os cookies, brownies e, mais recentemente, os pães de mel. Todos são feitos à base de farinha de amêndoas – sem glúten – e com leites vegetais – portanto, sem lactose -, açúcar demerara orgânico e chocolate belga 70% cacau. Entretanto, Helena faz questão de ressaltar que os produtos não são indicados para celíacos nem alérgicos a leite de vaca por conterem traços desses componentes

   O convite para vender em uma loja veio através de uma amiga. Ela diz que levou algumas unidades que foram vendidas rapidamente, depois pediram para levar mais bolos, outras lojas foram pedindo e hoje ela entrega em oito pontos de venda. 

   Todos os produtos são feitos diariamente. Para que cheguem frescos às lojas. Para dar conta de toda a produção, Helena conta que acorda às 3 horas da manhã. “Como os produtos não têm conservantes, têm uma durabilidade menor. Quero que as pessoas comam os bolos fresquinhos, por isso optei por fazer logo cedo e não na noite anterior.”

   Todas as receitas são dela, que fez alguns cursos após chegar em Londrina. O gosto pela cozinha chegou cedo, aos 6 anos de idade, quando já queria fazer doces e biscoitos a contragosto da mãe, que tinha receio que ela acabasse se machucando. “Na minha casa ninguém cozinha e eu sempre tive esse dom, desde cedo tenho esse amor pela culinária. Eu não tiro receitas da internet, acho que é bom para se basear e saber como as pessoas fazem as coisas , mas acho que as melhores receitas vêm de dentro”, destaca. 

   O próximo desejo é abrir uma loja própria. “A coisa tomou uma proporção que eu não esperava. Construí um castelo (aqui em Londrina), pedrinha por pedrinha. Quando a gente começa do zero, sem conhecer ninguém, é muito esforço do nosso próprio trabalho. Eu tenho esse sonho e sei que precisarei de ajudantes, mas como sou perfeccionista, todos terão que ser bem capacitados.”

   Voltar para Aracaju nem passa pela cabeça de Helena, porém ela confessa que o marido já se inscreveu em programas de remoção para antiga cidade. “Londrina foi minha primeira opção e não me arrependi. Não sinto falta da praia, nem do calor. Só sinto falta da minha família, mas digo que sempre eles estarão me esperando. Sempre vamos para lá, minha mãe vem para cá, mas é longe. A família dele também está lá. Mas eu sempre entrego tudo nas mãos de Deus. Nunca imaginei que eu trabalharia com bolo, nunca imaginei entrar na casa das pessoas por meio deles. No início meu marido insistia para eu prestar algum concurso, mas eu dizia que um dia meus bolos ainda iam me levar para o jornal. E olha onde eu estou agora”, comemora. (ÉRIKA GONÇALVES – Reportagem local, caderno FOLHA GENTE, domingo, 8 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).