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quarta-feira, 20 de abril de 2016

MUITO ALÉM DO IMPEACHMENT


   1 – Há 41 anos, no dia 19 de abril de 1975, Madre Leônia Milito escreveu em seu diário espiritual: “Estes últimos dias são preciosos para a minha existência, servem para reparar o passado e santificar o presente”. Levei o diário da santa de Londrina para a votação do impeachment como forma de me orientar nos momentos de dúvida e angústia, que sempre me acometem em situações parecidas. Deu certo. A santa me ajudou. Em Brasília encontrei a história.

   2 – Tive dois momentos marcantes no Congresso. Um deles foi encontrar a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), um dos grandes símbolos da luta contra o PT. Mara ficou tetraplégica em um acidente de carro em 1994, mas a maior provação de sua vida foi enfrentar o esquema de corrupção montado na Prefeitura de Santo André. Por se negar pagar propina à administração petista, a família Gabrilli sofreu pesadas perseguições. O pai de Mara morreu em 2011. Ao entrevistá-la, vi as lágrimas nos olhos da lutadora ao relembrar Luiz Alberto Gabrilli. Vencer o PT, diz Mara, foi mais difícil e importante que superar a tetraplegia.

   3 – Outro momento especial foi conversar com o ex-deputado Roberto Jefferson. Ele não se apresenta como santo ou mártir, mas deve-se reconhecer que ele foi o primeiro a enfrentar diretamente a organização petista. Sem a sua denúncia do Mensalão , provavelmente hoje teríamos José Dirceu na Presidência, e não na cadeia. 

   4- Conversando com o deputado paranaense Paulo Martins (PSDB), aluno do filósofo Olavo de Carvalho (citado duas vezes na sessão deste domingo), chegamos à mesma conclusão: a vitória do impeachment na Câmara é apenas o início de uma longa luta política e cultural. Vale lembrar mais uma vez o lema de Paulo Mercadante: “Não parar, não precipitar, não retroceder”.

   5 – Muitos esquerdistas criticaram o fato de que os deputados mencionaram os nomes de familiares na declaração de votos a favor do impeachment. Ora, isso foi ótimo! A citação dos familiares e dos eleitores mostra que muitos parlamentares consideram a vergonha nacional – o olhar nos olhos do próximo – como um valor essencial. Mais uma vez, a família venceu a quadrilha. 

   6 – Não posso deixar de agradecer aos três deputados de Londrina. Eles ajudaram muito, este repórter novato em Congresso Nacional. Marcelo Belinati foi de uma gentileza ímpar – como sempre, desde os tempos de estudante. Alex Canziani e sua equipe me acolheram no gabinete e foram muito prestativos. Luiz Carlos Hauly, um dos principais articuladores do impeachment, com sua experiência de sete mandatos, garantiu meu acesso à Câmara. Muito obrigado aos três!


7 – Quanto a Dilma, o que dizer? As única atitude razoável agora seria pedir ao Bessias para trazer o papel da renúncia. ( Fale com o colunista: avenidaparana@jornaldelondrina.com.br página 3, caderno FOLHA CIDADES, terça-feira, 19 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).   

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