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segunda-feira, 21 de março de 2016

CRISE E MERCADO DE TRABALHO


   Um dos efeitos mais perversos da crise econômica é a perda de vagas no mercado de trabalho. No ano passado, a indústria da transformação – um dos segmentos mais atingidos pela crise, mas que paga salários mais altos e absorve mão de obra qualificada – perdeu 550 mil postos; no Paraná, foram fechadas 43 mil vagas. Londrina, que já não tem perfil industrial, encerrou o ano passado com 21,3 mil pessoas, quantidade menor do que a total empregada em 2009 – primeiro ano da série histórica do Ministério do Trabalho.
   Com poucas indústrias, as turbulências têm impacto maior. Também deve-se acrescentar que as sucessivas trocas na administração municipal afastaram investidores e impediram a elaboração de um planejamento de longo prazo, a partir da implantação de projetos de estímulo ao desenvolvimento. Agora, a retomada é mais lenta. Contribui também o atual cenário de instabilidade política, aumento da inflação e perda do poder de compra do consumidor.
   Projeções nacionais indicam que o mercado de trabalho só se recuperará em 2018. Isso porque o mercado sente os efeitos da desaceleração econômica com defasagem de até um ano, segundo especialistas. Com altos custos de demissão e contratação, os empresários primeiramente optam por fazer adequações na jornada de trabalho e na produção. Um dos últimos recursos são as rescisões. Tanto que para este ano a estimativas continuam pessimistas e apontam para a perda de 2,2 milhões de vagas formais. Para 2017, fala-se em fechamento de 100 mil postos. A saída para os trabalhadores certamente será a informalidade ou o empreendedorismo. 
   Se os próximos dois anos serão ruins, é importante que o empresariado invista em soluções que melhorem a lucratividade do negócio. Controle de custos, inovação e desenvolvimento de novos produtos são temas que não devem sair da pauta nas empresas até para que elas continuem competitivas. Em um quadro de crise econômica e com a corrosão do poder de compra das famílias, detalhes em produtos podem fazer toda a diferença. Se os empresários conseguirem sobreviver a mais esta crise, certamente sairão mais fortalecidos. ( FOLHA OPINIÃO , opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, segunda-feira, 21 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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