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domingo, 20 de março de 2016

CRISE E DESCRENÇA


   Os desdobramentos da Operação Lava Jato e o aprofundamento das crises econômica e política provocaram reações sem precedentes entre os brasileiros. Manifestações quase diárias nas ruas das principais cidades brasileiras e a tentativa de divisão da população entre “elite branca” e trabalhadores compõem o atual cenário, um dos mais graves da história nacional. Além dos excessos cometidos tanto pelo Judiciário como pelo governo, pelos investigados e manifestantes é preciso que todos tenham maturidade para avaliar o atual momento. 
   Em dois anos, a Operação Lava Jato conseguiu desbaratar o maior esquema de corrupção operado no mundo. Bilhões foram desviados dos cofres da Petrobras, a maior estatal brasileira. Também foi revelado um engenhoso esquema de enriquecimento ilícito, tráfico de influência e favorecimento de pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores – combustíveis que causaram indignação na maioria dos brasileiros. No entanto, talvez a pior reação de todas, presente também muito fortemente entre as pessoas, é a perda da esperança. 
   Reportagem da FOLHA percorreu bairros da periferia de Londrina para conversar com a população sobre a crise política. Importante ressaltar que mesmo entre a população carente e que recebe o conjunto de benefícios sociais do governo federal praticamente não há simpatia à atual administração, mas há uma descrença generalizada com a política. Ao contrário do que tenta tachar o Partido dos Trabalhadores, não são apenas a classe média e a “elite” que estão contrárias. Ocorre a perda de apoio também entre grupos das camadas mais pobres da população, que têm sentido mais fortemente os efeitos da crise econômica e da inflação.
   Além disso, cresce o sentimento de desamparo, de que os governantes não têm a intenção de trabalhar par melhorar a vida da população, que os políticos só pensam em si mesmos e que as manifestações de rua não terão qualquer efeito positivo. Também é uma avaliação muito perigosa e que pode levar a um afastamento ainda maior da vida pública. E, neste momento, é preciso ainda mais participação. O País só irá melhorar quando a população passar a cobrar e a fiscalizar mais os atos de seus governantes, ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, domingo, 20 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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