Páginas

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A MÚSICA NÃO PODE PARAR


   Projeto Criança Feliz, que há sete anos contribui para a formação musical de crianças e jovens, depende de ajuda financeira para não fechar as portas

   O nome já diz: Criança Feliz. Idealizado pelo empresário Gelson Batista Alcântara, o projeto social que atende crianças e adolescentes na zona leste de Londrina vem desde 2009 batalhando para proporcionar alegria e oportunidades através da música. Entretanto, todo esse trabalho pode estar com os dias contados. Isso porque é preciso pagar as contas fixas do espaço, assim como a manutenção dos instrumentos e os professores de música para que os alunos tenham um ensino de qualidade e de compromisso, sem pagar nada. 
   Os custos chegam a R$ 4 mil ao mês. “Não contamos mais com um patrocínio que nos ajudava com a maior parte do valor e, por isso, hoje, temos R$ 600”, lamenta Alcântara, que se reuniu com pais de alunos ontem pela manhã, para tentar buscar soluções para o projeto. “Nunca pedimos nada, mas chegou a hora de termos botar as ideias para erguer recursos. Ou nos juntamos ou paramos”, diz. 
   O eletricista automotivo Joel Rodrigues Gonçalves sugeriu que cada família colabore com uma quantia mensal. “A gente tem que investir no que a criança gosta”, comenta o pai do aluno Thiago, de 10 anos. Porém, nem todos os pais podem ajudar com uma grande quantia em dinheiro e, portanto, outras ideias também foram surgindo. Gislaine Lopes dos Santos é mãe de Ana Beatriz, que está no projeto há seis anos. Ela acredita que um mutirão para produzir pães e salgadinhos pode ser uma saída. “A Bia aprende muito a cada dia, não só a tocar violino, mas a ter disciplina e responsabilidade. É nossa tarefa também ajudar nesse trabalho”, afirma. 
   Alcântara também aposta na colaboração dos pais na divulgação do projeto e busca por novos patrocinadores. “Se 40 empresários ajudarem com R$ 100, já é o suficiente!, ressalta. Enquanto a ajuda não vem, um bazar montado no espaço do projeto tem sido uma fonte de renda. “Aceitamos doações de móveis, objetos, artesanatos e roupas, para vendermos aqui”, completa. 

   SERVIÇO

Doações podem ser feitas na sede do projeto, na Rua Macieira, 210. INFORMAÇÕES: (43) 9980-0472

MAIS DE 370 ‘CRIANÇAS FELIZES’
   O envolvimento com a música e trabalhos voluntários traçou um novo caminho na vida de Gelson Batista de Alcântara, que em 2012 abriu mão da propriedade de uma empresa para se dedicar exclusivamente ao projeto. Iniciado em 2009, o trabalho era realizado em uma escola no Jardim Monte Cristo (zona leste). Com a venda de sua residência, Alcântara comprou um imóvel no bairro, onde na frente funciona o bazar e o projeto. 
   Em uma sala pequena, cerca de 70 crianças são atendidas hoje, em diferentes horários, com aulas de violino, viola, violoncelo, clarinete, flauta e coral. Todas participam do projeto através da Orquestra Monte Cristo, Coral Encantar e até uma oficina de jornalismo. “ Todo mês elas se apresentam em escolas, espaços culturais e igrejas. “
   Com tantos anos de dedicação, mais de 37 crianças e adolescentes já passaram pelo Criança Feliz. “O objetivo é transformar. É dar oportunidade Alcântara. 
                        "Não sabia tocar nada. Hoje, isso é tudo para mim", declara Vinícius Souza, que toca violoncelo

   Oportunidade que os irmãos Vinícius e Viviane Rebequi de Souza abraçaram com paixão. Aos 17 anos, Vinícius toca violoncelo, instrumento que deu lugar às tardes em que jogava vídeo-game. “Vim pela curiosidade. Não sabia tocar nada. Hoje, isso é tudo para mim”, declara ele, que pretende prestar vestibular para a música. “Meu sonho é seguir essa profissão. Trabalhar com música é menos estressante. Ela consegue conduzir sentimentos em todas as pessoas, sem nenhuma exceção!, justifica. 
   E Viviane sabe bem disso. Ela conta que, ao tocar, encontra um momento único. “É algo que estou fazendo para mim. Se não fosse esse projeto acho que nunca teria tocado em um violino”, conta. 
   Instruídos pelo professor André Luiz de Matos, os alunos sonham em fazer da música uma profissão. Apesar da idade, Ana Júlia Venâncio Roberto, de 10 anos, conta que, além das aulas ensaia em casa. “Meu sonho é ser violinista profissional, daquelas que tocam em uma orquestra bem grande, sabe? (M.O.) ( MICAELA ORIKASA- Reportagem Local, página 5, FOLHA GERAL, segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário