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domingo, 17 de janeiro de 2016

A HISTÓRIA SE REPETE



   Um morador atingido pela enchente da semana passada, no Norte do Paraná, resumiu em poucas palavras o cenário de destruição e caos que testemunhou: “um filme de terror”. Só que no cinema “filmes catástrofes”, terminam quando a luz se acende. É muito diferente dos 49 municípios prejudicados, onde o drama se prolongou por uma semana após o grande temporal e as suas consequências ainda serão sentidas por muito tempo. Basta considerar que até a última sexta-feira, 168 pessoas estavam desabrigadas e 1.637 desalojadas. Seis cidades decretaram estado de emergência e um município, Rolândia, decretou calamidade pública. Ainda se calcula os prejuízos materiais, por enquanto avaliados em R$ 100 milhões.
   Não é a primeira vez que o rio Tibagi sobe assustadoramente (ele ficou seis metros acima do nível normal) impactando todos os seus afluentes. Como em qualquer filme de catástrofe, a história começou com uma chuva mansinha na noite de sábado e às 23 horas de segunda-feira vieram as cenas de desespero – em quatro horas choveu o equivalente a 86% da média histórica de janeiro. 
   Mas o leitor deve estar pensando que já viu esse filme antes. Sim, infelizmente, são histórias que se repetem ano após ano no Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Acre, Amazonas, Índia, China, enfim, em todo lugar onde há cidades construídas à beira de rios, sem respeitar o limite natural de transbordamento, sem tomar cuidados com a impermeabilidade do solo e construindo em áreas de risco.
   É um drama que se repetirá muitas vezes enquanto gestores públicos e a própria população não aprender com a experiência. Não adianta elaborar um bom planejamento que, na melhor das hipóteses, sai apenas parcialmente do papel. Os municípios precisam repensar seus sistemas de drenagem e fiscalizar - de verdade – as ocupações em áreas de risco e a impermeabilização do solo. Por outro lado, o cidadão deve se conscientizar que é vítima de uma situação que ele próprio ajudou a criar quando se alienou das discussões, em sua cidade, sobre os processos de estruturação do sistema urbano, não se preocupou com o lixo que vai parar no leito dos rios e nem com as consequências das mudanças climáticas. Para se evitar que aconteçam enchentes como a da semana passada, é preciso que cada um – realmente – faça a sua parte. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br, página 2, domingo 17 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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