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domingo, 13 de dezembro de 2015

QUANTO CUSTA O DESCASO COM A NATUREZA?


   O prejuízo no Brasil com desastres climáticos atingiu a cifra de R$ 278 bilhões entre 2002 e 2012, representando 0,68% do Produto Interno Bruto (PIB) do período. O dado é resultado de estudo inédito de economista da Universidade Federa do Rio de Janeiro (UFRJ) com base em dados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais. 
   Os números foram cruzados com estimativas de custo econômico por pessoa afetada, desalojada ou desabrigada durante eventos extremos de enxurrada, inundação ou deslizamento nos estados de Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco e Santa Catarina, feitas pelo Banco Mundial, e extrapolados para o País inteiro. Os pesquisadores avaliaram prejuízos em infraestrutura, setores sociais e produtivos e meio ambiente. 
   A pesquisa levanta dados deste o início da década de 1990 e indica que 35% dos desastres climáticos registrados no Brasil, de 1991 a 2012, foram diretamente relacionados com fortes chuvas O Sul e o Sudeste apresentam as maiores concentrações de ocorrências, com 34% e 31% do número de eventos, enquanto a região Nordeste ocupa uma posição intermediária (22%), e as regiões Norte (8%) e Centro-Oeste (5%) são as de menor peso relativo. A explicação é a maior densidade demográfica dos estados das regiões Sul e Sudeste, pois a caracterização de desastre não se dá pela quantidade de chuva, mas sobre seus efeitos sobre a população humana. 
   Um ponto da pesquisa que deve ser analisado com bastante atenção é a forte concentração dos desastres na segunda metade do período analisado (2002-2012),com tendência de crescimento de ocorrências com o tempo. É claro que a melhoria na cobertura das informações sobre desastres ajudou a elevar o índice, mas outros fatores contribuíram significativamente, como o crescimento da densidade populacional nas áreas de risco e o aumento na frequência de chuvas torrenciais e outros fenômenos climáticos extremos por causa das mudanças climáticas globais. 
   Chegamos à questão fundamental: mudanças climáticas. O aquecimento global já vem demonstrando há anos suas consequências. As fortes tempestades e os longos períodos de seca que tanto afetam a saúde do cidadão e a economia brasileira não são casualidades, nem capricho da natureza. É resultado do desmatamento, da falta de cuidados com os recursos hídricos e da emissão de gás carbônico durante os processos na indústria, na agricultura e no transporte. 
   Se o degelo das áreas polares e o aumento de eventos como secas, furacões e tempestades não sensibilizam o homem, quem sabe o prejuízo financeiro consiga despertar a sua consciência? ( FONTE: FOLHA OPINIÃO opinião@folhadelondrina.com.br página 2, domingo, 13 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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