Páginas

domingo, 20 de dezembro de 2015

NATAL: DEUS-AMOR NASCE PARA AMAR E SER AMADO

   

   Cada um de nós, caros leitores, aprendeu, desde cedo, que o Natal é o grande presente. Deus, nosso Pai, nos presenteia seu próprio e único Filho , o Menino Jesus. Desse gesto divino nascem, também em nós, principalmente nesse tempo, inúmeras promoções generosas , iniciativas e atos de caridade, como: o Natal das crianças pobres e abandonadas, o Natal dos idosos e doentes, o amigo secreto, a troca de presentes, o encontro da família. Enfim, como Ele, nós também queremos ser caridosos dando um pouco de nós mesmos nos outros. 
   Tudo isso é bom, importante, necessário e merecedor de aplausos e elogios. Mas, talvez não revele, ainda, o verdadeiro sentido do Natal, qual seja, Deus vem ao mundo; vem, não apenas para dar aulas ou dar-se , ou seja, para nos salvar, mas, também, para receber. Mas, receber o que?, perguntamos nós, se Ele, como Deus, tem tudo, não lhe faltando nada? Aqui é que nos enganamos. Deus é pessoa. E, sendo pessoa, “sente falta” daquilo que há de mais importante, fundamental e sagrado nas pessoas: a experiência de amar e ser amado. A única coisa que Deus não tem e não pode exigir de nós é que o amemos. Quando muito, pode apenas mendigar nosso amor, acolhê-lo, recebe-lo. Deus nos atrai ao Seu amor, mas não pode obrigar. 
   Na dinâmica do amor mais vale e importa receber do que dar. O que realmente faz bem a uma pessoa, e a salva, é a experiência de ser bem recebida, bem acolhida, se discriminação; tão bem acolhida que seus defeitos ou pecados nem sequer são vistos, mencionados e nem mesmo parecem existir; mas, ao contrário, tudo é acolhido como riqueza, graça, honra, glória e bênção. Por isso, Deus, propriamente, em vez de um Deus que vem com “poder” de nos salvar”, vem na fragilidade como o Filho do homem, “nascido à beira do caminho e posto no presépio porque não havia lugar na estalagem” (S. Francisco de Assis). Assim, antes do poder, o que salva o homem é o não-poder de Deus, sua não-força ou, como São Francisco gostava de dizer, sua pobreza. Uma pobreza semelhante à pobreza do Pai do filho pródigo, que acolhe o filho assim como se apresenta e aparece. E alguém, por acaso, para ser feliz, realizado, bem aventurado e salvo precisaria de algo diferente, maior ou melhor que isso? O filho pródigo sentiu-se salvo não pelo poder do Pai, mas por ter sido recebido pela misericórdia e pelo silêncio acerca de seus vícios e pecados. Era por isso que “Francisco celebrava com inefável alegria, mais que todas as outras solenidades, a Natividade Deus, feito um menino pobrezinho, dependeu de peitos humanos” (2Cel 199). Jesus foi amado, cuidado, por sua Mãe e São José. 
   É Natal! Deus vem ao nosso encontro porque está enamorado de nossa humanidade e apaixonado por cada um de nós. Sugestão: que neste Natal você vá ao encontro de uma pessoa de grande necessidade. Além de lhe levar algo de útil, fica ali e convive, ouve a história desta pessoa. Isto é dar-se, gratuitamente. Isto é amar e dignificar a vida da pessoa. Só dar algo é muito pouco. Amar é muito mais, é dar-se. Você receberá! Abraço e bênção. 
O amor é a glória de Deus. ( DOM JOÃO INÁCIO MÜLLER, Bispo da diocese de Lorena - SP. FONTE: REVISTA CANÇÃO NOVA, Nº 180 – Dezembro de 2015, página 6, PALAVRA DA IGREJA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário