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domingo, 13 de dezembro de 2015

CULTO AO TOMATE


   


   Tomate que avermelha na horta, és sol em miniatura a prometer delícias.
   Se és legume ou fruta, que importa? Discussão idiota. Noos netos te comem cru, como fruta, te comem na salada como legume, e nas massas em forma de molho, como diz Pietro:
   - Massa gostosa é vermelha!
   Importante é que serves ao sanduíche, à pizza, à macarronada, à lasanha, com a mesma vermelhidão cremosa ou pastosa, como na salada és crocante, se verdolengo, ou macio se madurinho. E pensar que deixei de te comer durante ano, achando que elevaria meu ácido úrico! Mas, como aconteceu com os ovos, você foi reabilitado: não só não tem pouco ácido úrico, como também câncer da próstata! Santo tomate!
   Antes,  já te rejeitara de bobeira. Quando fiz  macrobiótica (note que ex-macrobióticos não falam “curti” ou “adotei” mas “fiz” macrobiótica, como se fosse doloroso dever), bem, deixei de te comer, porque eras vermelho como a beterraba . a melancia, o rabanete, por isso demasiado “ying”... Então amigo também descendente de italianos verberou:
   - O que? Por causa de uma dieta oriental você deixou de comer nossos tomates? Se houver outra vida, teus antepassados já estão todos arrancando o cinto para te bater quando você encontrar lá com eles!
   E voltei com prazer e alívio a comer frutos e legumes de todas as cores, confiante na dieta de Jesus: “mal é o que sai da boca”.
   Lembrança tomatesca: eu fazia sanduíche quente com tomates em rodelas e, nas mordidas, as rodelas viravam tiras a escapulir do pão ou da boca.  O neto Caetano matou a charada: Porque, vô, você não corta o tomate em pedacinhos?
   Surgiu então o sanduíche Caetano: numa fatia do pão, passo requeijão cremoso ou azeite ou pesto, na outra fatia pasta pomodoro, ou seja, creme de tomate. Entre as fatias, tomate  cortadinho com azeitona e queijo, esquento na sanduicheira, e quem toma café da manhã na Chácara Chão sabe a delícia que é.
   E o macarrão da Dalva? Ela primeiro passa os tomates em panela com água quente, para tirar pele e sementes, depois leva em fogo brando com cebola cortadinha, durante uns quinze minutos. Finalmente, salga e coloca massa de tomate. Quando despeja esse molho no macarrão grano duro, acrescenta temperos verdes e um pouco de manteiga. Simples, rápido e gostoso que só.
   Alem dessas alegrias, Tomate,  te devemos as lições contra preconceitos e pela evolução. Foste frutinha silvestre usado para molho apimentado lá pelos maias, onde hoje é o México e América Central. Mas depois foste proibido pelos europeus, que te viam como alimento  venenoso. Mas foste reabilitado, melhorado geneticamente, adotado universalmente, pioneiro em inclusão culinária, abrindo caminho nos cardápios para tantos outros legumes, embora sejas fruta. Sem discriminação, estás nos pratos dos ricos e nas mãos dos pobres, justiceiro social.
   Por isso, diante desse mundo sempre em mudanças, te como quando: Deus me leve, o tempo me mate, preservem o tomate!( Crônica do escitor londrinense Domingos
Pellegrini, página 17,  cultura, espaço DOMINGOS PELLEGRINI d.pellegrini@sercomtel.com.br  facebook.com/escritordomingospellegrini fim de semana, 12 e 13 de dezembro de 2015, publicação do JORNAL DE LONDRINA). 

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