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terça-feira, 25 de agosto de 2015

VOCÊ SABE ESCOLHER BEM AS PALAVRAS?


   Segundo o professor e linguista Dino Preti, “nós  regulamos a nossa linguagem em função do ouvinte”. Com isso, ele quer dizer que todos nós escolhemos a forma como vamos dizer ou escrever algo dependendo da situação. De maneira prática, você não vai falar da mesma maneira com seu chefe  e com um amigo ou parente. Provavelmente, ao falar com  o chefe, você vai tentar ser mais formal e evitar gírias ou expressões vulgares, que  não seriam um problema ao conversar com um amigo. 
   Entre as várias escolhas que fazemos ao nos comunicarmos, a mais importante, sem dúvida, é a do vocabulário utilizado. Uma palavra mal colocada pode gerar desde uma simples dificuldade na compreensão da mensagem até um sério mal entendido. 
   Na escola, nós aprendemos e usamos muito a ideia de sinônimos, ou seja, palavras que têm significado semelhantes. Sendo assim, teoricamente, você pode perfeitamente trocar uma palavra por outra que tenha o mesmo sentido, não é? Mas, na verdade, o que acontece é que não existem sinônimos perfeitos, sempre há alguma diferença, ainda que sutil, se não no sentido, pelo menos no “valor” atribuído a cada termo. 
   Por exemplo, vamos supor que você tenha um amigo que viaja frequentemente ao Paraguai e traz coisas para revender aqui. Se você se referir a ele como “sacoleiro" , é provável que ele concorde com você. Por outro lado, se for chamado de “muambeiro” ou “contrabandista”, certamente ficará ofendido. Isso porque, embora os termos citados tenham significados bem semelhantes, apresentam valores diferentes, sendo um mais negativo que o outro.
   Outro fator que pode interferir no efeito causado pelo uso de uma ou outra palavra é a frequência com que ela é usada. Nesse sentido, “belo” e “bonito”, embora tenham o mesmo sentido, acabam tendo pesos diferentes, já que “belo”, por ser um termo menos comum, passa uma ideia mais poética. 
   Há ainda quem opte por usar uma palavra em outra língua, na tentativa de valorizar o que é dito. É o caso de lojas que colocam nas vitrines termos em inglês, como “sale” ou “off” , em vez de “promoção” ou “desconto”. Para algumas pessoas, isso evidenciaria uma suposta qualidade superior do estabelecimento e dos produtos.  Para outras, porém, pode causar o efeito contrário, soando como algo pedante e desnecessário.
   Como fazer então, para que o tiro não saia pela culatra? É simples, preste atenção às pequenas dicas: 
   1 – A clareza vem primeiro. O primeiro objetivo do seu texto (falado ou escrito), é comunicar, então verifique se conseguiu passar todas as ideias que pretendia.
   2 – Use só o que conhece. Não tente usar palavras com as quais não está acostumado. O mesmo vale se você não tiver certeza absoluta do significado. O melhor, nesse caso, é evitar a palavra e depois, com tempo, tirar suas dúvidas.
   3 – Não “enfeite” demais. Geralmente, tentativa de deixar o texto mais chique ou erudito acabam gerando resultados desastrosos, causando um efeito contrário ao desejado. 
 4  - Reescreva quantas vezes precisar. Às vezes, a solução para o o problema não é  simplesmente trocar uma palavra por outra, mas todo o enunciado. Tente dizer a mesma coisa de outro jeito, reestruturando a frase inteira, se for preciso.
   5 – Aceite críticas. Frequentemente, estamos tão envolvidos na escrita de um texto que não percebemos pequenos detalhes que poderiam melhorá-lo. É importante estar aberto a críticas e sugestões e, se for o caso, colocá-las em prática para ver o resultado. 
   Finalmente, é importante destacar que  isso tudo vale para qualquer tipo de texto, seja sua redação escolar, postagens em uma rede social ou textos técnicos, como relatórios ou e-mails comerciais, por exemplo. Basta ter em mente que sempre dá pra melhorar. 
   Até a próxima terça. ( FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL.* Encaminhe suas dúvidas ou sugestões psra bemdito14@gmail.com  página 5, FOLHA 2 , publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira ).

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