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domingo, 30 de agosto de 2015

CRISE BOA




   É bom ver como artistas e cronistas apoiadores do poder, durante décadas agora contorcem a boca e suas palavras se retorcem para inexplicar  o fracasso de suas crenças ou conveniências.
   A direita era ruim e a esquerda não é melhor, finalmente chegamos ao empate para começar um novo jogo.
   Afinal, porque direita ou esquerda se temos dois olhos, duas pernas e dois braços? Ninguém anda só com uma perna ou vê só com um olho – e pouco  podemos fazer só com uma das mãos.
   Não quero me guiar nem por direita nem  por esquerda, quero é ver governo funcionando bem e custando pouco.
   O movimento para enxugar as câmaras municipais começou em pequenas cidades, mas pode ser o grande sinal de  que começamos a enxergar o Mal.
   O Mal, senhores padres, pastores, pais, patriotas, cidadãos e irmãos, o Mal é serviços públicos custando tanto e servindo tão pouco, Estado castigando a nação.
   Mas que bom: isso gerou a crise em que tanto se purga e tanto se aprende.
   A água, por exemplo, começou a ter a atenção que sempre mereceu.  Talvez até aprendamos, com a crise, a apagar a luz e acender a mente.
   Que seria de nós sem crises? O vento que castiga a planta também espalha suas sementes.
   Embora ache (“E quem acha que pode se perder”, já ensinou o Noel) que o melhor para o Brasil seria Dilma fora, mas também acho que só pela lei.  A esta altura, rua deve voltar a servir apenas ao trânsito.
   Conforme a Constituição, Temer será o presidente. Se não puder ou não quiser, será Cunha, se ainda for presidente da Câmara, ou então Renan ou, pela ordem, o presidente do Supremo (artigo 80). Isso, enquanto se organiza nova eleição, pois “vagando os cargos de presidência e vice-presidência da República, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional” ( artigo 81).
   Fora da Lei de novo, jamais! Precisamos da Constituição – e de sua renovação – se quisermos continuar em frente.
   Enquanto isso, no mundo de quem trabalha e sustenta o Estado, grandes e pequenas empresas crescem e prosperam ou micham e quebram , driblando ou sofrendo a crise, que bom.
   A Crise é um jogo, e pode apostar que vai render melhoramentos para a Civilização, time do meu coração.
   Com a Crise, veja que bom, a arrogância entra em crise e a criatividade se atiça! Quem dança com a nova música, cresce; quem não cresce, dança com qualquer música.
   As crises derrubam, elevam, incubam, cevam, amadurecem, a felicidade das crises é mexer com o mundo, senão apodrece!
   E só a Crise ensina direitinho que numa república temos de ter direitos e também deveres.
   Não vamos sair da crise  maiores, mas melhores com certeza. Então vivamos a crise! ( Página 21, cultura, espaço DOMINGOS PELLEGRINI 
d.pellegrini@sercomtel.com.br publicação do JORNAL DE LONDRINA, domingo, 30 de agosto de 2015).

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