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quarta-feira, 1 de julho de 2015

O FREIO DAS GENTES



   Por sorte, a cozinha de minha casa ficava d o outro lado da rua. Rua Tiradentes, nº 57. Eu ocupava  o 34. Os números, desordenadas toda a vida, não se podia  levar muito em conta. O fato é que a cozinha de minha casa ficava do outro lado da rua – e, em se tratando da casa de minha avó, isto era sorte!
   Tomávamos o café da manhã e almoçávamos lá quase todos os dias. Almoçar fora era quando almoçávamos em casa. Sempre trabalhando pela manhã e à tarde,  raramente nos sobrava tempo para isto.
   Vovó e vovô, carismáticos e bem conhecidos na pequena cidade, recebiam visitas frequentes. Velhos amigos, padres e parentes distantes às vezes nos surpreendiam.
   Certa feita, fui tomar o meu desjejum quando estava por lá um tal Zé Pernambuco. Homenzinho baixo e com as rugas já desenhadas pelo tempo,  aparentava pouco estudado, mas conhecedor das ironias da vida e bem religioso. Zé Pernambuco era filósofo e não sabia. Na sua ignorância estavam contido conhecimentos de racionalização, anomia, dialética, existencialismo e mesmo ateísmo.
   Não ficou muito desde que cheguei. Decorei algumas de suas palavras e anotei:
   - A palavra de Deus é um freio pra gente não desembestar demais. Só que não é fácil segurar o freio. Quem não segue a palavra desembesta demais. ( Texto de DANILO LOPES, estudante de jornalismo e mora em Sabúdia, espaço  crônica  página 3, FOLHA  2, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 1 de julho de 2015).

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