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quarta-feira, 10 de junho de 2015

TALENTO DA ESCRITA



Famoso pelos livros “1808”, “1822” e “1899”,  o escritor e jornalista Laurentino Gomes, natural de Maringá, fala da sua trajetória de sucesso.

   Um dos escritores mais importantes 
da atualidade, Laurentino Gomes, 59 anos, anunciou há cerca de um mês que vai lançar uma nova trilogia. Famoso pelos livros “1808”, “1822” e “1889”, Laurentino agora se prepara para escrever sobre a escravidão no Brasil. “Esse, infelizmente, é um tema ainda muito maltratado na historiografia brasileira, repleto de preconceitos e distorções. Acredito que esse seja o tema mais importante de toda a História do Brasil. Todo o que nós já fomos ,  somos hoje e seremos no futuro gira em torno das nossas raízes africanas e do uso da mão de obra cativa”.
   Natural de Maringá, Laurentino passou a infância e a juventude na cidade, mas rodou o Brasil ao longo dos anos por causa do trabalho. “Desde que saí de Maringá, aos vinte anos, eu morei, estudei e trabalhei em todas as regiões do Brasil. Casei e tive os dois primeiros filhos em Curitiba, onde iniciei minha carreira como jornalista. Depois vivi em Belém do Pará, Recife, Brasília, São Paulo e, finalmente, Itu, a cidade em que moro atualmente”.
   Formando em jornalismo, Laurentino foi repórter, editor, e diretor editorial em grandes veículos de comunicação do País. Porém, a escolha da profissão ocorreu de última hora. “Até às  vésperas da minha inscrição para o vestibular na Universidade Federal do Paraná, em 1975, eu queria ser psicólogo. Faltando alguns dias, mudei de ideia por sugestão de dois amigos que achavam que eu tinha mais vocação para a área das comunicações”, comenta e acrescenta: Foi a melhor escolha da minha vida. “Adoro ser jornalista”.  Apaixonado pela profissão e o ofício de repórter, Laurentino guarda na memória algumas das situações marcantes  que viveu durante a carreira. Ele  conta que chegou a ter a credencial de repórter negada para a  visita do presidente João Figueiredo a Curitiba, durante a ditadura militar. “Era uma represália do governo porque, na visita anterior do presidente, eu tinha descrito para uma reportagem a vaia que ele sofrera ao fazer um discurso no centro da cidade”.
   Foi somente depois de 30 anos de jornalismo, que Laurentino se rendeu à vida de escritor, “Durante todo esse tempo tive um grande interesse pelo estudo da História do Brasil. É, como se fosse uma paixão paralela do jornalismo”. Em 2007, o escritor resolveu transformar essa paixão pela história em livros-reportagem.  O  resultado foi o livro “1808”, sobre a fuga da corte de D. João para o Rio de Janeiro”. Mal o livro tinha  chegado às livrarias quando eu fui pego de surpresa pela repercussão da obra. Mas, na verdade, eu nunca mudei de profissão. Na pesquisa dos meus livros, eu uso a técnica da reportagem!.
   Com mais de um milhão de exemplares vendidos, “1808” virou “best-seller”, fato que incentivou Laurentino a escrever. “Na verdade, um livro foi puxando o outro. O “1822” é uma continuação óbvia  do “1808” porque seria impossível entender a Independência do Brasil sem estudar o que aconteceu nos treze anos anteriores. Em seguida, os próprios leitores começaram a me pedir que escrevesse sobre “1889” e a Proclamação da República. Nada disso foi planejado, mas hoje, olhando para trás, acho que essa trilogia faz todo o sentido. É  como se fosse uma única obra em três volumes”.
   Para Laurentino, o sucesso dos livros se deve a uma soma de fatores. “Esses são livros-reportagem que tornam a história uma tema mais acessível aos leitores graças a uma linguagem simples e fácil de entender. O tema história  é um fenômeno importante no mundo todo, mas no Brasil, em particular, vivemos um período riquíssimo , de democracia e reconstrução das instituições nacionais. Acredito que, nesse ambiente, os brasileiros estão em busca de explicações para o país de hoje. E a  história  serve para isso mesmo porque é um instrumento de construção de identidade”.
   O sucesso das das publicações também fez com que a vida de Laurentino sofresse grandes mudanças. Se no primeiro livro ele ainda conseguia se dividir o tempo entre as publicações e o trabalho em uma grande editora, atualmente ele precisa se dedicar 100% aos livros. “ Hoje passo boa parte do meu tempo lendo, pesquisando ou viajando pelo Brasil para dar aulas, fazer palestras e participar de sessões de autógrafos e conversas com os leitores. “Para Laurentino, esse contato próximo com o público leitor é motivo de realização. “Confesso que nunca estive tão feliz. O reconhecimento e o contato com os leitores funcionam como um elixir da juventude para mim.  Sinto-me  renovado e com muita energia para me dedicar aos meus livros”. ( BRUNA QUINTANILHA  - Reportagem Local, caderno FOLHA GENTE, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, domingo, 7 de junho de 2015).    
    

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