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segunda-feira, 20 de abril de 2015

A BUROCRACIA ENFRAQUECE O PAÍS



   Não é só a falta de investimento, mas a burocracia também afeta negativamente a pesquisa científica no Brasil. Um questionário elaborado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que 90% dos pesquisadores brasileiros  tiveram que mudar os rumos das pesquisas ou até mesmo desistir dos trabalhos por problemas com importação. A maioria dos equipamentos e reagentes  são fabricados em outros países, principalmente nos Estados Unidos e enquanto os americanos têm os produtos disponíveis em dois dias, os brasileiros podem demorar até dois anos para consegui-los.
   A reportagem de hoje da Folha de Londrina mostra as dificuldades dos pesquisadores brasileiros na hora de importar e receber suas encomendas. O Brasil tem investido uma quantia razoável em pesquisa científica, cerca de R$ 59,4 bilhões por ano e é o líder em publicações de artigos na América do Sul. Na última década (2001-2011), o País subiu de 17º para 13º no ranking mundial de artigos publicados. Foram 49,6 mil artigos publicados em 2011 contra 13,8 mil em 2001. Por outro lado, em relação ao impacto da pesquisa, medido pela quantidade de citações em outros artigos, o Brasil caiu de 31º para 40º  no ranking mundial.
   Um exemplo: a Universidade Estadual de Londrina (UEL) tem hoje  1.355 projetos de pesquisas cadastrados na Pró-reitoria de Pesquisa e  Pós-graduação.  Mais da metade dele são afetados pela burocracia. Há professor com material retido na alfândega há sete meses. Dependendo do tipo de produto, a espera pela liberação  afeta diretamente  a conservação da encomenda e, consequentemente, a qualidade do trabalho.
   Esse cenário é mais uma prova do descaso com a comunidade científica do País. O desânimo dos pesquisadores não é a única conseqüência dos entraves burocráticos proporcionados por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Receita Federal.  O Custo Brasil  não afeta somente os nossos empreendedores, mas também a produção científica. Buscar soluções para esse mal que enfraquece o País, afetando a competitividade e a inovação, deveria estar na lista de prioridades do poder público. ( Texto extraído da página 2, espaço OPINIÃO opinião@folhadelondrina.com.br  publicação do jornal
 FOLHA DE LONDRINA,  domingo, 19 de abril de 2015).

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