A tia Aurélia, que era irmã de meu pai, era
uma boa tia, que gostava muito de nós. Morava em u m pequeno sítio perto de um vilarejo. Era muito caprichosa, tinha uma bela horta, porcos
e grande quantidade de galinhas. À tarde, quando ia tratar das galinhas, o
terreiro ficava “coalhado” das mesmas. Mas a tia tina um problema, pois era
muito econômica, para não dizer “pão-dura”.
Certa vez, nossa família foi passar um
final de semana com eles e pela manhã ela falou para minha mãe “Cunhada, um
frango é pouco para nós e dois é muito, então não vou matar nenhum”. Passamos o
final de semana comendo polenta e verduras.
Em outra ocasião, fomos passar uns dias
com eles. Foram nossos pais e meus dois irmãos. Chegando lá, nossos
primos foram logo dizendo que havia um circo no vilarejo. À noite fomos ao
espetáculo. Ficamos empolgados com o mágico, com o palhaço Pimpão, com as
duplas de cantores sertanejos e outras atrações. O circo era modesto e humilde.
No dia seguinte, à tarde, voltamos para
ver o circo novamente, mas o espetáculo era só à noite. Então o palhaço Pimpão,
que era o dono do circo, fez uma proposta para nós. Daria dois ingressos para cada galinha que
levássemos. Negócio fechado. Voltamos para o sítio e, escondido da tia, pegamos
três galinhas e à noite partimos para o espetáculo. Isso se sucedeu todas as
noites que ficamos lá
O dia da partida chegou e voltamos para
casa. Pouco tempo depois, recebemos uma carta furiosa da tia relatando o
acontecido Faltavam mais de 20 “penosas”. Nossos primos “pagaram o pato” e nos
dedaram. Fomos severamente reprimidos pelo osso pai. Eu só voltei à casa da querida tia quando já
era adulto, o que foi motivo de muitas brincadeiras. A tia, idosa, alegre, só
sorria.
Ah, sim, nos dias que fiquei lá comi
frango de manhã, no almoço e no jantar. Os anos se passaram e assisti muitos
grandes circos e maravilhosos espetáculos circenses, mas nenhum foi mais
empolgante do que o circo do palhaço
Pimpão . E também as galinhas mais deliciosas de nossas vidas. E a gente dizia
uma galinha é pouco, mas duas vale um
ingresso. ( Extraído do espaço DEDO DE
PROSA, escrito por SIDNEY GIROTTO, leitor, publicado na FOLHA RURAL do jornal FOLHA DE LONDRINA, SÁBADO, 27 DE Setembro de
2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário