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quarta-feira, 30 de julho de 2014

DO CÉU AO INFERNO EM 90 MINUTOS


     Na tarde de 7 de Julho de 2014, com muita tristeza e humilhação vi a seleção brasileira de futebol ser goleada por sete a um pela seleção alemã, naquele que seria o melhor mundial de todos os tempos. Um pouco mais atento, após o impacto do acontecido, pensei em nossos jogadores que passaram de heróis a vilões em espaço de tempo de uma partida de futebol (90 minutos).
     Comecei então a refletir e a investigar o porquê do acontecido. Descobri que a Alemanha quando foi  o país sede do Mundial em 2002 e perdeu a final para o Brasil por dois a zero, decidiu investir no futebol. Para isso a federação germânica instituiu futebol nas escolas, com crianças de 5 a 8 anos, incentivando a participação da torcida (pais e amigos). Criou um programa de “busca aos talentos” onde educadores pré-selecionam os adolescentes com mais aptidão. Dos 8 aos 15 anos esses pré-selecionados passam a frequentar um dos 366  centros de apoio a formação  disseminados pelo país, sob a supervisão de 1.300 técnicos de futebol formados. Há 30 veículos circulando periodicamente entre os centros, com “olheiros”  que selecionam os jovens (dos 15 aos 18 anos) para campeonatos sub-20, para os centros de excelência em preparação tática, técnica e disciplina. Após os 18 anos vão sendo profissionalizados.
     A coroação desse projeto é que hoje o futebol arrasta naquele país a média de 40 mil espectadores por partida nos campeonatos nacionais (mais público no mundo, somente o futebol americano no EUA. A copa européia de futebol foi decidida entre dois times alemães, o Borussia Dortmund e o Bayern München.
     Pior do que o resultado da seleção brasileira no gramado foi expor ao mundo a queda de um viaduto em Belo Horizonte (MG), mostrando que nossos engenheiros são mal formados ( incapazes de projetar uma ponte) ou que nossos construtores se utilizam de material mais barato, inadequado e desviaram  verbal para interesse próprio. É saber que a população alemã é de 87 milhões de habitantes e conta com 102 prêmios Nobel. No Brasil somos 200 milhões de habitantes sem nenhum agraciado  com esta premiação.
     Eu não me compadeço daquelas crianças chorando no estádio(que na certa pagaram mais de um salário mínimo para ver o jogo e por isso sei que podem desfrutar de escolas e hospitais particulares), mas sim daquelas crianças que n ao têm ao menos banco para se sentar nas escolas. Brasileirinhos sem saúde e sem recursos para obtê-la.  Sentimento  tenho pelos professores (heróis verdadeiros) que sem condições e sem formação adequada fazem o que podem, mesmo sabendo que não haverá chances para seus alunos emergentes de um ensino tão precário em um mundo tão competitivo como o atual.
     Não se faz um país grande manipulando resultados de balança comercial, da inflação e das pesquisas. “Não pergunte o que a nação pode fazer por você e sim o que você pode fazer pela nação”. (John F. Kennedy)

Escrito por LUIZ CARLOS BAZZO, médico geriatra, publicado pelo JORNAL DE LONDRINA, sexta-feira, 25 de Julho de 2014

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