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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pedido de um milagre





Não sei minha idade quando comecei a perder os sentidos, no final da refeição ou logo após- um ou dois minutos. Sentia um paredão escuro diante de mim, que ia e voltava,  logo em seguida esse escuro ia girando em cores diferentes e uma coisa, mais ou menos como uma tocha colorida surgia do lado esquerdo, girando para o lado direito. Meu olho esquerdo começa a piscar e fixo na tocha , acompanhando seu movimento para o lado direito e em seguida eu perdia os sentidos.  Acordava alguns minutos depois, com meus pulsos sendo friccionados e cheirando álcool e cânfora que colocavam em uma garrafinha. Em seguida vomitava e depois dormia  com um pouco de dor de cabeça. Os irmãos de papai e cunhado eram médicos, lá em Miraí, Minas Gerais.  Anos e anos cuidavam de mim.  E as crises se repetiam,  sempre às refeições, nunca fora delas. Viemos para Serra Morena,  aqui  no Paraná. Tinha eu 9 anos. Aos 12 anos levaram-me para fazer tratamento na antiga capital do Brasil – Rio de Janeiro  -  na Santa Casa de  Misericórdia. Com 5 anos de idade mais ou menos, comecei a cair muito. Resumindo: problema ósseo. Parei de crescer verticalmente. Todas minhas articulações começaram a se engrossar. 9 meses me estudaram. Reuniam os médicos e eu ali – como nasci sendo observado e respondendo às perguntas. Meu pai estava lá comigo. Meus dois primos, Dr. Henrique e Dr Justino, estudantes na ocasião nos auxiliando.  Do problema ósseo descobriram que o tutano deixou de circular em meus ossos e saía pela urina. Precisei tomar remédio que não existia no Brasil. Precisava  tomar l2, mas papai só pode comprar 6. Felizmente estacionou. Não cresci  mais porque tomei a metade. Quanto à perda de sentidos, ninguém descobriu. Diziam que não  era epilepsia mas era parente dela. Não havia cura. Nos anais da Medicina desconheciam meu caso.  Meus pais muito religiosos viviam intercedendo a Deus. Por sermos católicos pedíamos também a ajuda de Nossa Senhora. Fazíamos simpatia, íamos a benzedores, enfim, tudo por uma boa causa. Em segredo mamãe pedia a Deus, por intermédio de Nossa Senhora Aparecida, que enviasse uma pessoa estranha, que chegasse no exato momento da crise e indicasse um médico que com a ajuda de Deus iria curar-me. Pedia para saber se sua prece foi atendida que tal fato acontecesse fora de hora habitual, que era às refeições.  . E foi  atendida.  ( No próximo texto contarei o inacreditável. O inacreditável mesmo.)


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