Não sei minha
idade quando comecei a perder os sentidos, no final da refeição ou logo após-
um ou dois minutos. Sentia um paredão escuro diante de mim, que ia e
voltava, logo em seguida esse escuro ia
girando em cores diferentes e uma coisa, mais ou menos como uma tocha colorida
surgia do lado esquerdo, girando para o lado direito. Meu olho esquerdo começa
a piscar e fixo na tocha , acompanhando seu movimento para o lado direito e em seguida
eu perdia os sentidos. Acordava alguns
minutos depois, com meus pulsos sendo friccionados e cheirando álcool e cânfora
que colocavam em uma garrafinha. Em seguida vomitava e depois dormia com um pouco de dor de cabeça. Os irmãos de
papai e cunhado eram médicos, lá em Miraí, Minas Gerais. Anos e anos cuidavam de mim. E as crises se repetiam, sempre às refeições, nunca fora delas. Viemos
para Serra Morena, aqui no Paraná. Tinha eu 9 anos. Aos 12 anos
levaram-me para fazer tratamento na antiga capital do Brasil – Rio de Janeiro - na
Santa Casa de Misericórdia. Com 5 anos
de idade mais ou menos, comecei a cair muito. Resumindo: problema ósseo. Parei
de crescer verticalmente. Todas minhas articulações começaram a se engrossar. 9
meses me estudaram. Reuniam os médicos e eu ali – como nasci sendo observado e
respondendo às perguntas. Meu pai estava lá comigo. Meus dois primos, Dr.
Henrique e Dr Justino, estudantes na ocasião nos auxiliando. Do problema ósseo descobriram que o tutano
deixou de circular em meus ossos e saía pela urina. Precisei tomar remédio que
não existia no Brasil. Precisava tomar
l2, mas papai só pode comprar 6. Felizmente estacionou. Não cresci mais porque tomei a metade. Quanto à perda de
sentidos, ninguém descobriu. Diziam que não
era epilepsia mas era parente dela. Não havia cura. Nos anais da
Medicina desconheciam meu caso. Meus
pais muito religiosos viviam intercedendo a Deus. Por sermos católicos pedíamos
também a ajuda de Nossa Senhora. Fazíamos simpatia, íamos a benzedores, enfim,
tudo por uma boa causa. Em segredo mamãe pedia a Deus, por intermédio de Nossa
Senhora Aparecida, que enviasse uma pessoa estranha, que chegasse no exato momento
da crise e indicasse um médico que com a ajuda de Deus iria curar-me. Pedia
para saber se sua prece foi atendida que tal fato acontecesse fora de hora
habitual, que era às refeições. . E
foi atendida. ( No próximo texto contarei o inacreditável.
O inacreditável mesmo.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário